Melhores do Ano

Os 15 Melhores Discos de 2015

E chegou aquele momento que todos estavam esperando (e quem vê pensa que o blog está com essa moral toda) a hora de escolher os melhores discos do ano. Como sempre, fazer essa lista é uma tarefa muito complicada, afinal de contas reduzir em 15 todos os discos lançados e ouvidos no ano é muita covardia, mas se eu fosse citar todos os títulos que tem a minha preferência eu precisaria de mais um ano pra poder terminar a matéria, portanto 15 discos por mais que seja desafiador ainda é um numero aceitável.

Se 2015 foi um ano difícil para música, vide o número de ícones musicais que perdemos como, B.B King, Allen Toussaint, Scott Weiland e Lemmy Kilmister, que essas canções desses discos notáveis nos faça lembrar do quanto a música é viva e a obra permanece

Chega de papo e vamos ao que interessa. E naquele velho esqueminha de sempre, de ordem decrescente para dar aquela emoção.

15 – Sol Invictus (Faith No More)
15 - Faith No More
Nunca um disco foi tão esperado como esse, afinal são exatos 18 anos que separa Sol Invictus do penúltimo disco de inéditas do Faith No More, o complexo Album of The Year (1997). No entanto quem é fã da trupe de Mike Patton sabe muito bem que da cabeça doentia do seu líder pode sair as canções mais geniais como também as mais incompreendidas, e se a banda tem a opção de trilhar por um caminho mais fácil, de canções velozes, pesadas e que agradará a grande massa, como foi no disco King for a Day… Fool for a Lifetime (1995), Patton opta pelo caminho mais estreito e difícil e faz de Sol Invictus um disco confuso na primeira audição, mas depois da quinta vez você acostuma e se depara com elementos já familiares na estrutura musical da banda, como é o caso de Superhero. Canções como Sunny Side Up, Separation Anxiety e Black Friday também se fazem notar.
Longe de ser brilhante, mas impossível ser ruim.

14 – The Color Before The Sun (Coheed and Cambria)
14 - Coheed and Cambria
Uma das bandas mais criativas e autenticas do novo Rock, o Coheed and Cambria nunca teve medo de arriscar sonoramente, não é por menos que a banda tem admiração de públicos distintos, tanto a horda do Heavy Metal, quanto a turma do Punk/Hardcore. E em seu novo disco, a banda aparece mais suave que nos anteriores, mas não menos pesada, The Color Before The Sun é um disco solar, bonito e instigante, mas os pesados riffs de guitarras e voz à Geddy Lee do vocalista Claudio Sanchez estão lá presentes em faixas como Island, Eraser, Here To Mars e na pesada The Audience.

13 – Sometimes I Sit and Think, and Sometimes I Just Sit (Courtney Barnett)
13 - Courtney
A grata surpresa de 2015 sem sombra de dúvidas foi esse disco de estreia dessa guria maravilhosa. Courtney Barnett é uma cantora e guiatarrista australiana e o seu som é uma mistura insana de grunge, punk rock, alternativo, soul music e até mesmo blues, como podemos provar na encorpada Small Poppies.
As duas faixas de abertura, as enérgicas Elevator Operator e Pedestrian at Best poderiam muito bem estar no tracklist de álbuns clássicos como Dirty do Sonic Youth e Nevermind do Nirvana devida a sua desenvoltura e pentelhice.
No mais, o disco é deliciosa mescla noise de guitarra distorcida unido aos vocais desleixados e sensuais de Courtney Barnett
Já virei fã e espero pelo próximo.

12 – The Book of Souls (Iron Maiden)
12 - Iron Maiden
Com certeza o melhor disco da banda desde Brave New World (2000). The Book of Souls, o 16º trabalho da carreira da Donzela de Ferro, se liberta das amarras do metal progressivo que a banda havia aderido nos três últimos álbuns e se entrega de vez na sonoridade que consagrou o conjunto, o Heavy Metal Tradicional com pinceladas de Hard Rock, como podemos notar no primeiro single do disco, Speed Of Light, que conta com um clipe sensacional, homenageando diversos games antigos. O restante do trabalho é o Maiden nos seus melhores dias, If Eternity Should Fail, a veloz When the River Runs Deep, e a tocante homenagem ao ator Robin Williams, falecido no ano passado, na canção Tears of a Clown.
The Book of Souls celebra o excelente momento da banda e principalmente a vida e saúde do vocalista Bruce Dickinson que no início do ano foi diagnosticado com um câncer na boca e hoje se encontra curado.
Up the Irons

11 – Blaster (Scott Weiland and The Wildabouts)
12 - Scott
O último canto do cisne do finado Scott Weiland. Em sua segunda empreitada solo, e a primeira a frente da banda Wildabouts, formada logo após a sua demissão do Stone Temple Pilots em 2013. Blaster, o único disco do grupo, tá longe de ser um petardo relevante como Core, Purple, Nº 4 de sua ex-banda principal e até mesmo do seminal Contraband do supergrupo Velvet Revolver do qual Scott também fez parte, mas é o disco que carrega o DNA do Weiland. Canções Hard Rock com inclinação Punk e ode ao Rock de Garagem que casa perfeitamente com o vocal à David Bowie de Scott Weiland.
Nas doze faixas do disco, os principais destaques são Way She Moves, a bluseira White Lightning, a poppy punk Bleed Out e dançante Beach Pop.
Talvez tão bom quanto o último de estúdio do STP e infinitamente superior ao Libertad do Velvet Revolver.
Descanse em paz Scott Weiland.

10 – Bad Magic (Motörhead)
10 - Motörhead
Lemmy Kilmister se foi, quem um dia iria imaginar que esse dia chegaria? Mas antes dele nos deixar ele acabou nos deixando o seu último registro o disco Bad Magic. Como toda a irretocável discografia do Motörhead, o disco é fabuloso, mas não vamos nos levar pelo lado da emoção pelo fato de Lemmy não estar mais entre nós. O Motörhead até enquanto existia, gozava de uma posição privilegiada dentro do rock, assim como AC/DC e assim como foi por muito tempo os Ramones. Após lançarem discos que redefiniram a história do Rock, a banda simplesmente fica repetindo a fórmula eternamente e não é de se espantar dizer que esse disco do Motörhead se parece com o antecessor, Aftershock (2013), que por sua vez parece muito com o anterior The Wörld Is Yours (2010), e assim vai. Mas em time que ta ganhando não se mexe, não é? Sim, mas a questão é por mais que Bad Magic seja um excelente disco e não é à toa que ele está nessa lista, ele não será um disco notável e relevante como um Overkill (1979) ou Bomber (1979), talvez ele até venha ser agora por ser o último do Lemmy, mas é um disco que você ouve inteiro e passou 5 minutos você já se esqueceu dele, não é um disco que prende pois o que você ouviu nesse já ouviu no outro e no outro. Shoot Out All of Your Lights é uma poderosa canção, mas a introdução lembra Born to Lose de The Wörld Is Yours, e o andamento da canção parece muito com Sacrifice, é até possível cantar a melodia da mesma em cima dessa.
Mas calma, não trata-se de uma crítica negativa, Bad Magic é um disco sensacional, hinos marcantes não faltam como a já citada Shoot Out All of Your Lights, além da faixa de abertura Victory or Die e Teach Them How to Bleed, e como não citar o maravilhoso cover de Sympathy for the Devil dos Rolling Stones?
Se ele peca por soar igual aos demais, pelo menos Lemmy Kilmister se despediu de nós sem ter lançado um disco ruim.

9 – How Big, How Blue, How Beautiful (Florence + The Machine)
9 - Florence
Pra quem não tem simpatia nenhuma pelo trabalho de Florence + The Machine, as suas canções não passava de uma new age moderna à Kate Bush e Enya, com elementos tribais, passagens progressivas monótonas e vocalizes desnecessários por parte da líder Florence Welch. No entanto, em How Big, How Blue, How Beautiful, o terceiro disco da Florence e sua maquina de fazer música, as coisas realmente mudaram. Sob a produção de Markus Dravs, que já trabalhou com Coldplay e Arcade Fire, o disco vem mais roqueiro, na linha de grupos como Eagles e Fleetwood Mac, aliás, a poderosa faixa de abertura, Ship To Wreck, muito lembra a banda da Stevie Nicks
Outros momentos chave do disco são as canções Queen of Peace, Delilah, a soul dançante Caught, o rock vistoso de Mother, além é claro da faixa título quem tem um refrão impulsivo e marcante.
Para os não fãs, o disco é uma grata surpresa; e para os admiradores, How Big… é um deleite.

8 – Cauterize (Tremonti)
8 - Tremonti
Será que todo mundo que critica Creed ou até mesmo Alter Bridge já parou alguma vez para ouvir um disco inteiro de ambas as bandas? Quem já fez essa experiência sabe muito bem que musicalidade não falta nas mesmas, e muito disso vem do guitarrista Mark Tremonti, que além de um exímio instrumentista, possui uma bela voz e faz grandes composições. E com todos esses atributos é mais do que óbvio que em sua carreira solo ele não iria fazer feio, e não fez! Em seu segundo disco, Cauterize, o que se ouve é um metal moderno, pesado, com guitarras uivantes, bateria com pedais duplos e um casamento perfeito de Black Sabbath com Soundgarden, passando por Van Halen, esse último uma influência óbvia, já que o Tremonti conta com o filho do Eddie Van Halen e também baixista da banda do pai, Wolfgang Van Halen, na formação.
De destaques temos Radical Change, Flying Monkeys, Arm Yourself, Another Heart, Fall Again e Tie The Noose.
Quebre de uma vez por todas o seu radicalismo e ouça esse disco, você não irá se arrepender.

7 – Hollywood Vampires (Hollywood Vampires)
7 - Hollywood
Com certeza o Hollywood Vampires é a melhor banda cover do mundo e quem assistiu a apresentação do supergrupo esse ano no Rock In Rio pode comprovar.
Tem como ser ruim um disco com o repertório que contém My Generation (The Who), Whole Lotta Love (Led Zeppelin), Cold Turkey (John Lennon), Manic Depression (Jimi Hendrix), Break on Through (The Doors) e Another Brick The Wall (Pink Floyd), ser tocado por uma banda que tem na sua formação integrantes como Alice Cooper, Joe Perry (Aerosmith), Slash, Dave Grohl, Brian Johnson (AC/DC), Paul McCartney, Perry Farrell (Janie’s Addiction), Joe Walsh (Eagles), Zak Starkey (Ex-Oasis, Ex-The Who), o produtor Bob Ezrin e o ator Johnny Deep? É óbvio que não, mas como se não bastasse esse desfile de hits, o disco ainda conta com duas canções inéditas: Raise The Dead e My Dead Drunk Friends.

6 – Crosseyed Heart (Keith Richards)
6 - Keith
O terceiro disco solo de Keith Richards, depois de um intervalo de 23 anos, vem carregado de todas as suas influências musicais. O blues de Chicago aparece logo na faixa de abertura, Crosseyed Heart, tocada apenas no violão e com canto velho e sussurrado de Keith fazendo a cama e preparando o terreno para a próxima canção, a animada e poderosa Heartstopper, que parece ter sido tirada do Steel Wheels (1989) da sua banda principal. A belíssima balada arrasa quarteirão Robbed Blind é outro grande destaque de Crosseyed Heart, além da canção Illusion que conta com a participação especial da cantora Norah Jones.
Com o mesmo The X-Pensive Winos, a banda de apoio que gravou os discos solos anteriores, Richards mostra que em time que está ganhando não se mexe e por isso a qualidade do disco está no alto.
Crosseyed Heart foi o último registro gravado do saxofonista Bobby Keys, já que o mesmo nos deixou no ano passado.

5 – Adrenalin Baby (Johnny Marr)
5 - Johnny Marr
Em uma época na qual discos ao vivo não se fazem mais relevantes para a geração que é acostumada a assistir shows full no youtube, o guitarrista britânico Johnny Marr, a lenda criativa por traz do The Smiths, lança esse discaço gravado durante a turnê do seu disco mais recente álbum, o excelente Playland.
Adrenalin Baby passeia pelos dois discos da sua fase solo, o já citado Playland, de onde saem as canções, Easy Money, Candidate, Dynamo, Back In The Box, 25 Hours e a faixa título; Do disco de estreia, The Messenger, que além da faixa título conta com The Right Thing Right, Generate! Generate! e New Town Velocity. E claro que repertório da sua ex-banda não ficaria de fora dessa festa, clássicos como Bigmouth Strikes Again, There Is a Light That Never Goes Out, There Is a Light That Never Goes Out e a sensacional The Headmaster Ritual foram relembrados com maestria, e ainda houve um espaço para o cover de I Fought the Law do The Clash.
Endeusam tanto a pessoa do Morrissey, sendo que o verdadeiro talento por traz do Smiths está aqui e esse compêndio ao vivo é prova do seu trabalho fabuloso.

4 –  This Is The Sonics (The Sonics)
4 - Sonics
“The Sonics é o Punk antes do Punk” já dizia Iggy Pop, considerado por muitos o pai do Punk Rock. Surgida na cidade de Tacoma, próximo de Seattle no inicio dos anos 60, o The Sonics era uma banda de Rock que já soava diferente das demais, devido ao excesso de distorção nas canções e a velocidade inconsequente das mesmas. Entrando em hiato na mesma década, a banda influenciou gerações, de Iggy Pop aos próprios jovens de Seattle que estouraria anos depois: Duff McKagan, Eddie Vedder, Chris Cornell, Jerry Cantrell e um tal de Kurt Cobain.
Voltando as atividades recentemente, inclusive passando pelo Brasil nesse ano, o grupo vomita esse petardo, que como diz Iggy, é o Punk puro e bruto. As doze canções de This Is The Sonics são velozes, pesadas distorcidas e divertidas, a abertura com o cover de Ray Charles, I Don’t Need No Doctor, em versão Punk é jogo ganho, mas o disco ainda tem cartas na manga Bad Betty, Be a Woman, You Can’t Judge a Book By The Cover e The Hard Way
O The Sonics voltou em boa hora, para mostrar como se faz rock de verdade e para tirar de uma vez por todas o estilo do marasmo.
Ouça no volume máximo e aprenda com os velhinhos.

3 – Saint Cecilia EP (Foo Fighters)
3 - Foo
Talvez Saint Cecilia EP não deveria integrar a lista dos melhores discos do ano por justamente não ser um álbum completo, mas um simples EP de cinco faixas. Mas a perfeição das canções é tão pertinente, principalmente em comparação ao anêmico e prepotente Sonic Highways, que ele merece essa exceção.
Gravado esse ano em curtas sessões no Saint Cecilia Hotel em Austin (Texas), o disco traz aquele velho e bom Foo Fighters que somos íntimos e velhos conhecidos. Aquele que mescla o pop punk do Hüsker Dü, com o Heavy Rock do finado Motörhead, que pinça uma canção acústica ali, berra em outra acolá e faz dessa união toda canções memoráveis como Sean, Savior Breath, The Neverending Sigh, além da própria faixa título.

2 – True Brew (Millencolin)
2 - Millencolin
Depois de provar do “amadurecimento musical” que já ceifou as carreiras brilhantes de Blink 182, The Offspring, Green Day e recentemente do Rise Against, o Millencolin voltou a fazer o que sabe de melhor, um Punk Hardcore enérgico e veloz.
Em True Brew o seu nono álbum, o quarteto sueco capitaneado por Nikola Sarcevic prova que ainda bebe da fonte do Hardcore Melódico californiano, aliado ao peso das guitarras e o sentimentalismo das letras. Os principais destaques do disco, além do single Sense & Sensibility, são as canções Egocentric Man, Bring Me Home, Chameleon e Mr. Fake Believe.
Bem vindos de volta, Millecolin! Crescer é para os fracos.

1 – Chasing Yesterday (Noel Gallagher’s High Flying Birds)
1 - Noel
E o melhor disco de 2015 é dele, do homem mais polêmico do show business. Ao declarar esse ano que a aclamada cantora Adele faz música para avós, os fãs da inglesa rebateram Noel Gallagher, dizendo: “Por que ao invés de ficar falando, você não faz música de verdade”, ele fez e está aqui nesse álbum. Chasing Yesterday, o seu segundo álbum solo a frente da banda High Flying Birds vem infinitamente superior ao antecessor e comparada a discografia da sua ex banda, o Oasis, ele é uma extensão dos brilhantes Definitely Maybe (1994) e (What’s the Story) Morning Glory? (1995)
Em Chasing Yesterday, Noel deixa de lado um pouco os elementos eletrônicos que recheavam o disco anterior e assumiu um caso de amor com a guitarra novamente, o que pode ser provado nas faixas The Mexican, Lock All The Doors, You Know We Can’t Go Back e no single dançante In the Heat of the Moment.
O disco ainda conta com a participação especial de Johnny Marr nas guitarras na canção Ballad of the Mighty I
Se a possível volta do Oasis ainda é uma grande incógnita, pelo menos os fãs do conjunto não tem do que reclamar da entusiasmante carreira solo de Noel Gallagher.

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