Entrevistas, Shows

Fila Benário Entrevista “Roger Moreira – Ultraje a Rigor”

DSCN5525 (1)
Foto: Fernanda Maria Duarte Vieira

Com 34 anos de carreira, seis discos de estúdios lançados e agora inovando na tv sendo banda de apoio de um dos programas mais anárquicos e irreverentes da TV Brasileira, o The Noite (SBT), a banda Ultraje a Rigor desbancou em Jundiaí após nove anos da sua ultima apresentação na Terra da Uva para encerrar a Virada Cultural Paulista.
O show marcado para iniciar as 18:30 começou com mais de quarenta minutos de atraso, mas nada que frustrasse o público que compareceu em peso para assistir a história do Rock Nacional viva e relevante. Roger Moreira (Vocal e Guitarra), Marcos Kleine (Guitarra), Mingau (Baixo) e Bacalhau (Bateria), subiram ao palco do tradicional Parque da Uva sob fina garoa e tocaram uma enxurrada de sucessos desde Independente Futebol Clube que abriu a apresentação, passando pelo Cover de Sheena Is A Punk Rocker dos Ramones logo na sequencia, e contemplando a plateia com os sucessos: Inútil, Filho da Puta, Rebelde Sem Causa, Mim Quer Tocar, Sexo, Pelado, Volta Comigo, Ciumes, Chiclete, Nada a Declarar e muitos outros.
A dinâmica da banda sobre o palco é impressionante, tudo muito bem executado e com destaques para o virtuosismo do guitarrista Kleine e a cozinha perfeita de Mingau e o sensacional Bacalhau que rouba a cena devido a fúria com que toca o seu instrumento. O show ainda contou com o cover de Paranoid do Black Sabbath, a clássica Até Quando Esperar? da Plebe Rude e cantada pelo baixista Mingau e a derradeira final ficou por conta de Nós Vamos Invadir Sua Praia, Marylou e Terceiro que fechou a apresentação de forma surreal e pesada.
Após esse show histórico o líder e vocalista Roger Moreira recebeu a nossa equipe no camarim da banda e com um carisma sem fim concedeu uma divertida entrevista onde relembrou os últimos shows na cidade de Jundiaí, além de explicar o porque o Ultraje não lançou material inédito nos últimos 12 anos. Essas e mais outras revelações você acompanha abaixo:

A última vez que vocês estiveram presentes em Jundiaí foi no ano de 2005 em show também gratuito nesse mesmo espaço, tem algumas lembranças desse show?
Nossa cara, não lembro de muita coisa, lembro que o São Paulo foi campeão Mundial nesse dia no Japão, mas acho que me lembro mesmo da gente indo pro hotel descansar, basicamente isso (risos). Nós já tocamos umas três vezes aqui no Parque da Uva, em uma das vezes eu acho que era uma Festa da Uva e tacaram um garrafão de vinho no palco e pegou no baixo (gargalhadas).

Mas deu pra tomar o garrafão de vinho pelo menos?
Então o garrafão quebrou, mas aquela parte de plástico segurou o vidro dentro e não aconteceu nada, foi legal (gargalhadas).

O último trabalho de estúdio do Ultraje a Rigor foi o cd Os Invisíveis lançado há exatos 12 anos, temos ainda esperanças de ter um material inédito do Ultraje a Rigor em breve?
Pra falar a verdade nem Os Invisíveis era pra ter saído, porque eu queria lançar o disco ao vivo o 18 Anos Sem Tirar (1999) e encerrar a banda ia ser mais ou menos isso, mas nós fomos contratados com a condição de lançar mais um disco ai lançamos Os Invisíveis, depois fizemos o Acústico (2005) pela mesma gravadora, recentemente fizemos com os Raimundos, aquele disco lá… o duelo… o Embate do Século sei lá como é que era o nome (gargalhadas), e a gente pra falar a verdade não tem mais planos de lançar discos, mas tem pedido muito agora que estamos no (Programa) The Noite para lançarmos um disco com aqueles covers que a gente toca lá e tal, é capaz da gente fazer uma coisa dessa sim, mas enfim, temos algumas músicas inéditas perdidas na internet (risos), mas nós não temos muitos planos de carreira nesse sentido não, só de ficar tocando mesmo e a carreira agora no The Noite.

A crise da industria fonográfica é o que desmotiva também estar gravando um novo disco?
Isso, também, essa crise da indústria fonográfica faz parecer um trabalho a toa sabe? A gente faz para agradar o fã mas não tem perspectiva de lançar, e até mesmo na época, embora nós temos muitos fãs… ah sei lá, o mercado está esquisitaço né, então não estimula muito a gravar não.

Na última década o Rock Nacional tem passado por uma imensa crise criativa, sem bandas relevantes e sem músicas de qualidade, vocês que surgiram na época de ouro do Rock, nos anos 80 ao lado de Titãs, Ira! Capital Inicial, Biquini Cavadão e Legião Urbana, o que acha que está acontecendo com o Rock hoje?
Ele está sendo sufocado por esses estilos de músicas entre aspas (risos), então o cenário que a gente surgiu de estar acabando a ditadura, de ter muita vontade de fazer coisa nova, vontade de mudar, era um cenário que o Rock era mais presente, enfim a gente nem pensava que iria ter um movimento, a Ultraje quando começou nós pensávamos em tocar na noite nos bares fazendo cover e quando a gente viu estávamos no meio de um movimento e falamos “Oh legal vamô ai”, mas eu acho que o que falta hoje é um pouco isso, falta conteúdo, falta ideologia mesmo eu acho, hoje esta tudo muito politicamente correto, o pessoal tem medo de se expressar, de tomar partido, de tomar posições, acho que ta faltando um pouco de disso, é muito glacê e pouco bolo sabe? É estúdio, produtor, roupinha e tal e música mesmo está faltando.  

Existe uma grande moda que é fazer turnê tocando discos na integra, vocês já até tocaram o clássico “nós vamos invadir a sua praia” na Virada Cultural de 2008, tem algum outro disco do Ultraje que merecia essa releitura especial?
(Pensativo) A gente já fez com Sexo (1987) também (mais pensativo) pô, pra falar a verdade dá um pouco de trabalho fazer um show assim por que tem muitas músicas dos outros discos, principalmente d’Os Invisíveis que a gente nem toca, toca uma ou outra do disco e as outras até esquecemos, a gente teria que ensaiar de novo, mas eu gosto muito d’Os Invisíveis, poderíamos fazer um show tocando ele.

Eu gosto muito do Crescendo (1989), seria bom também fazer um show dele…
O Crescendo também é legal é muito bom, ele é bem comprido (risos) tem músicas eletrônicas, tem muitas experiências… o Crescendo a gente toca uma coisinha ou outra ainda dele ao vivo.

Hoje o Line Up do Ultraje a Rigor conta com uma grande lenda da cena punk nacional no baixo (Mingau), um dos maiores e competentes bateristas do pop rock nacional da década de 90 (Bacalhau) e um grande guitarrista de Heavy Metal (Marcos Kleine) isso tudo difundido no palco dá nova tônica aos grandes clássicos do Ultraje a Rigor?
A gente tem essa influência de tudo, eu tenho mais influencia de Rock dos anos 50, 60 e tal, mas gosto dos anos 90, o Bacalhau traz bastante essa coisa dos anos 90, o Mingau do Punk, o Kleine do Heavy Metal, você falou bem, a gente extrai o melhor de todas essas bandas porque tem coisa boa em todas as épocas precisa é “catar” né? (risos) mas nesse apanhado o que for legal a gente toca.

O Ultraje a Rigor está nacionalmente conhecido pela a participação no Programa The Noite, portanto ai vai uma pergunta rápida: O que foi mais gratificante no programa, dividir o palco com CJ Ramone (Ex- Baixista dos Ramones) ou com a (Jornalista) Rachel Sheherazade?
(Gargalhadas) Desculpe Rachel, mas foi com o CJ Ramone (gargalhadas).

Eu e os meus amigos e fotógrafos Vanderlei e Fernanda Tietando o Roger Moreira
Eu e os meus amigos e fotógrafos Vanderlei e Fernanda Tietando o Roger Moreira
Mingau
Mingau
Marcos Kleine
Marcos Kleine
Bacalhau
Bacalhau

 

Fotos do Show (por Fernanda Maria Duarte Vieira):
DSCN5417 10325803_657239604351537_893160349268617031_n DSCN5422 10378544_657239777684853_9110325500980704387_n 10309656_657240671018097_3758417296296168341_n 10291759_657240544351443_1830783296616625291_n 10334345_657240137684817_6209866921819848384_n 10352554_657240127684818_2611455080921113869_n 1780814_657240394351458_1991103130531817868_n 1958487_657240754351422_8803924689682462617_n 282966_657240677684763_5753166897765777901_n

5 comentários em “Fila Benário Entrevista “Roger Moreira – Ultraje a Rigor””

Deixe um comentário